Ciclideo

O Lago Malawi se situa no Quênia e possui mais de 600 espécies de ciclídeos. Quase todos são endêmicos, isto é, só existem neste local. Ali habitam dois grupos principais: mbuna e non-mbuna.
Os primeiros vivem numa parte do lago composta basicamente de rochas e possuem um comportamento típico, diferente dos non-mbuna.
Mbuna: Habitam entre rochas, sem vegetação e se alimentam das algas que ali crescem. Podem atingir um tamanho de até 15 cm. São escavadores e "decoradores", ou seja arrumam o ambiente em que vivem da forma que desejam. Portanto temos aqui dois bons motivos para não colocar plantas no aquário de criação: elas não existem no seu ambiente nativo e caso sejam introduzidas serão arrancadas em menos de duas semanas. Diga-se de passagem, livramo-nos de uma imensa chatice que é manter plantas bem cuidadas dentro de uma aquário doméstico. Se quiser use plantas de plásticos, bem presas sob o cascalho. Algumas chegam a ser bonitas. Os Mbuna possuem cores vivas (mais próximas dos peixes marinhos, por um custo bem menor).
O dimorfismo sexual pode se dar pelas cores. É o caso do Lombardoi. O macho é amarelo (nasce azul e torna-se amarelo após 4 a 6 meses de vida) e a fêmea azul. Aliás, parece ser um caso único já que, quando ocorre dimorfismo cromático em outras espécies, o macho fica azul e a fêmea amarela.
Mais nem sempre temos tanta sorte. Na maior parte dos casos, como ocorre com o Pseudotropheus Zebra, o dimorfismo se dá por um conjunto de fatores menos perceptíveis:
- o macho costuma ser um pouco maior
- o macho apresenta cores mais vivas
- o macho apresenta nadadeiras dorsais mais desenvolvidas
- e sobretudo: o macho tem um comportamento mais agressivo.
Definitivamente não acredite nos textos que dizem que o macho possuem “bolinhas coloridas (eggspot) na nadadeira anal e que as usa para atrair a fêmea”. Podemos dizer que pelos menos três dos nossos peixes cheios dessas “bolinhas” deram a luz dezenas de alevinos. Parece que os machos não tem essa capacidade...
Os Ciclídeos Africanos são territoriais. Aqui começa um dos indícios de que é uma espécie evoluída. Apresenta as mesmas características de territorialidade dos mamíferos. Por isso, quando são introduzidos no aquário ficam desorientados e com um comportamento inconseqüente. Somente após duas semanas é que vão definindo suas posições dentro do espaço disponível.
Uma consequência da territorialidade é a agressividade. Ela varia de espécie para espécie. Os Auratus parecem ser os mais agressivos, por exemplo. O que significa agressividade? O peixe perseguirá outros peixes, ferirá alguns e matará outros. Por isso você precisa aprender a lidar com este fator para não restar com apenas um peixe no seu aquário. A solução que encontramos foi:
- construção de abrigos (rochas, troncos, etc) permitindo um refúgio para os peixes perseguidos.
- colocar uma quantidade razoável de peixes de tal forma que nenhum indivíduo seja sistematicamente caçado e todos possam sobreviver.
- Alimente bem.
Algumas observações:
- mesmo com estes cuidados, não introduza um peixe novo sem alterar a decoração do aquário. Ele será considerado um intruso pelos habitantes e será caçado até morrer.
- mesmo com estes cuidados os machos poderão se enfrentar ocasionalmente. Isso não significa que você não pode ter mais de um macho no mesmo aquário, como dizem com tanta ênfase. Temos 3 machos adultos, além de outros um pouco menores, que se divertem de vez em quando com algumas brigas, mas sem maiores consequências. Talvez isso não aconteça se entrar em cena alguma espécie mais rara ou agressiva, mas as mais comuns não tem esse comportamento tão temido.
Outra característica dos Mbuna é a presença de um macho dominante. É fácil observar um macho que domina o aquário e é respeitado por todos. Há também uma hierarquia, mais elaborada, mas estamos fazendo testes antes de afirmar qualquer coisa. Se você já criou Beta Splendens talvez tenha ouvido aquela bobagem de que os alevinos soltam hormônios que impedem o crescimento dos seus irmãos. Com todo o respeito e admiração que merecem os Betas, essa característica pertence aos ciclídeos africanos. O macho dominante, figura que não existe nos Betas, libera o ferormônio que impede o crescimento dos demais. O mesmo hormônio que algumas árvores liberam e impedem que plantas cresçam ao redor dos seus troncos. Conclusão: se você quer que os seus cíclideos cresçam é importante que haja troca freqüente de água. De resto não há maiores conseqüências.
Os Mbunas podem ser agressivos mas, por mais que tenhamos imaginação cinematográfica, eles são vegetarianos. No seu habitat se alimentam das algas que crescem nas rochas. No aquário podemos alimentá-los melhor como veremos adiante, mas lembrem-se, eles não são piranhas carnívoras.
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